Nossa última pesquisa, que envolveu 31 mulheres, abordou o tema
“Depressão Pós-parto”: 25,81% disseram que enfrentaram o problema, 35,48%
destacaram que conhecem alguém que passou por isso e 38,71% responderam que não
tiveram.
A leitora Tatiana
Viviani Corrêa, diante do tema, resolveu compartilhar com a gente a sua
experiência, que considerei muito interessante, podendo ajudar outras mulheres.
Leiam com atenção!
Depressão Pós-Parto, eu já tive!
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Tatiana enfrentou o problema. Hoje, feliz, com sua filha Luisa |
Tatiana Viviani Corrêa
Eu já tinha ouvido falar muito sobre depressão pós-parto, mas
nunca foi algo que me chamou atenção. Lembro que minha mãe havia me alertado
também quando estava grávida e mais uma vez achei que comigo não ia acontecer.
Grande engano!!!
O nascimento da Luísa foi a realização de um sonho, ela foi
planejada num lar estruturado e cheio de amor a sua espera. Mesmo vivendo a
situação mais adequada para o momento, sim, eu tive depressão pós-parto e isso
só confirma que nenhuma mãe está livre dela.
Depois de 15, 20 dias do nascimento da Luísa, era só meu
marido pisar fora de casa para trabalhar que a insegurança me consumia. O que
vou fazer com um bebê o dia todo sozinha? As horas não passavam, ela chorava
bastante e mais ainda quando eu chorava desesperadamente. Uma tristeza forte me
torturava. Mas de início não quis assumir esse sentimento, afinal como podia
estar infeliz se tudo tinha dado certo... um bebê lindo e saudável como
imaginávamos veio completar a família. Só pensava, ela chora muito, não consigo
fazer nada, quando vou ter minha vida de volta, onde foi que me meti? Olhava
pela janela, via as pessoas e queria estar no lugar delas. Absurdos que me deixavam
revoltada comigo mesma. Onde estava
aquele amor todo?
Foi decisivo aceitar tudo e procurar ajuda quando conversei
com minha mãe ao telefone aos prantos. Voltei ao obstetra e levei meu marido
junto, pois naquele momento ele não me entendia e questionava minhas atitudes.
Foi a melhor coisa que fiz. O médico deixou que eu desabafasse, chorasse e por
fim diagnosticou a DPP. Explicou que se tratava de uma queda brusca hormonal
ocorrida após o parto e que era normal nesse período. Aceitou me medicar e tratar,
somente após uma conversa franca e aberta com meu marido. Fazendo ele entender
que eu estava doente, não tinha culpa de estar assim e precisava de apoio e
acompanhamento durante todo tratamento.
E assim foi, saímos do consultório mais
unidos a encarar juntos esta etapa e pedimos que minha mãe e sogra se
revezassem lá em casa, pois não podia ficar sozinha. Fui medicada com a famosa
fluoxetina, e indicada a descansar o máximo.
A comida não descia, o choro não cessava, os picos de
tristeza iam e vinham durante o dia... Mas eis que no vigésimo e último dia de
tratamento, quase como uma mágica, à mesa do café e a comida desceu sem travar
na garganta. Um alívio enorme, eu estava leve e feliz de novo. E a Luísa,
aquela que chorava muito, passou a ser uma criança tranquila também. É bem
verdade que passamos tudo que sentimos a eles.
Consegui viver de fato aquele amor sem medidas, cuidar da
minha princesa como ela merecia e entendi o que era sentir na pele uma DPP.
Longe se ser uma frescura como muitos desinformados pensam e sim um momento
muito doloroso, mas que aceitando e tratando tem começo, meio e fim. Hoje,
quando converso com amigas gestantes sempre conto como foi passar por isso,
certa de que a melhor forma de amenizar os sintomas é a informação das causas e
a consciência do problema.