Cada vez
mais as mulheres estão protelando o sonho de ser mãe em detrimento de
outras escolhas que demandam tempo e dedicação, como a carreira
profissional, por exemplo. Mas, ao contrário dos homens, que podem se
tornar pais com idade mais avançada, as
mulheres têm uma idade fértil mais limitada. A medicina criou alternativas àquelas
que desejam protelar um pouco mais esta fase: o congelamento de óvulos. O
assunto ainda não é muito popular, mas ganhou mais divulgação nos
últimos anos.
PESQUISA
Nossa última pesquisa abordou este tema e o que chama a
atenção é que 66,34% destacaram que tomariam esta medida, se tivessem condições, 27,72% disseram que não congelariam e apenas 5,94% desconhecem o assunto, num total de 101 mulheres entrevistadas.
Abaixo, destacamos algumas questões sobre o assunto:
Existe uma idade limite para congelar os óvulos?
Não existe uma
idade máxima para que a mulher opte pelo congelamento de óvulos. No
entanto, ela precisa estar ciente de que passar pelo procedimento depois
dos 40 anos vai resultar no congelamento de um óvulo mais velho, que
pode não se tornar um embrião.
- Por quantos anos esse óvulo pode ficar congelado?
Não existe um
tempo limite. O congelamento, quando bem-feito, preserva as
características do óvulo, que pode ser utilizado anos mais tarde. Assim
que passou pelo procedimento, o óvulo não envelhece mais e suas
características são mantidas.
- Se não utilizar o óvulo e não quiser mantê-lo mais, o que posso fazer?
Nesse caso é
possível descartar o óvulo, já que ele é apenas um gameta, como aquele
descartado pela mulher todo mês. Se ela quiser, pode doar para pesquisa,
mas terá de preencher um termo dizendo que abre mão daquele óvulo.
- Quais são os métodos de congelamento mais usados?
Existem dois
principais métodos: o congelamento lento e o congelamento rápido ou a
vitrificação. O primeiro vai diminuindo a temperatura gradualmente,
depois da inclusão do frio protetor, substância que entra na célula e
não permite que sejam criados cristais – eles poderiam romper os óvulos.
Já na vitrificação, o processo de congelamento é rápido, o óvulo é
submetido a baixa temperatura de forma abrupta. Assim, as chances de
formação de cristais é bem menor e o resultado da recuperação desse
óvulo é bem maior.
- Quando o congelamento de óvulos é indicado?
O congelamento do óvulo é indicado em algumas situações. São elas:
- para casais que obtiveram óvulos em excesso durante um processo de fertilização in vitro
- no caso de mulheres que passarão por quimioterapia ou radioterapia
- mulheres com histórico de menopausa precoce entre os familiares
- mulheres com 35 anos, sem parceiro, que desejem conservar sua fertilidade
- Existem riscos no processo?
A mulher passa por uma estimulação hormonal,
na qual recebe uma carga alta de hormônios para produzir mais óvulos em
um mesmo ciclo. Esse processo pode gerar complicações: pode haver
reação ao uso de hormônios ou ainda a produção exagerada de óvulos,
chamada de síndrome do hiperestímulo ovariano. Com isso, pode ocorrer um
distúrbio metabólico pelo acúmulo de líquido no abdome, um dos sintomas
é a dor abdominal. No entanto, todas essas complicações podem ser contornadas pelo médico que acompanha a mulher.
Se o início do procedimento transcorrer sem problemas, é realizada a captura dos óvulos, via vaginal, com anestesia. Um ultrassom
guia a agulha, que é introduzida na vagina até os ovários, onde os
óvulos são aspirados. Os riscos nessas punções são: a agulha atingir um
vaso importante da pelve ou o sangramento ovariano não cessar. Nesses
casos, a mulher é submetida a uma laparospocia diagnóstica para
contenção do sangramento.
- Quantos óvulos devo congelar?
Um número bom, uma reserva suficiente, é de
20 óvulos. Dependendo do motivo que leve o casal a uma fertilização,
esse número pode até ser pequeno.
- Há diferenças na gravidez de um óvulo fresco e de um óvulo congelado?
Não há diferença na gravidez em si. Depois de descongelado, o óvulo fertilizado se torna igual ao óvulo fresco.
- Não vou usar meus óvulos congelados. Posso doá-los para alguém da minha família?
Não, isso não pode ser feito. A doadora não pode escolher para
quem doar, porque essa doação deve ser sigilosa. Quem doa não sabe quem
será a receptora e vice e versa.
* Fonte: Portal IG. Fontes consultadas para a elaboração: Karla
Giusti Zacharias, especialista em reprodução humana da clínica
Huntington Medicina Reprodutiva; Arnaldo Cambiaghi, especialista em
reprodução humana do IPGO; Rosa Maria Neme, ginecologista e Diretora do
Centro de Endometriose São Paulo.