Neste fim de semana o
mundo assistiu ao nascimento de mais uma filha do príncipe Willian, da
Inglaterra, e se assustou com o tempo entre o nascimento e a volta para casa de
mãe e filha: apenas 10 horas. Muitos perguntaram: isso é possível? O Jornal
Folha de São Paulo de hoje exibiu uma matéria bem interessante sobre o
assunto, que compartilho com todas vocês. É bem esclarecedora e provoca
reflexão sobre mudanças que podem vir a acontecer, uma vez que no Brasil se
enfrenta sérios problemas no sistema de saúde.
Por que as mães brasileiras não saem do hospital
tão rápido quanto Kate Middleton?
Por
Fabiana Futema
A alta médica a jato da duquesa Kate Middleton,
mulher do príncipe William, surpreendeu as mães brasileiras, acostumadas a
passarem mais tempo no hospital depois de darem à luz. Kate deu entrada no
hospital às 6h (horário local) deste sábado, teve o bebê às 8h34 e dez horas
depois foi para casa.
Se fosse no Brasil, Kate teria passado ao
menos 48 horas no hospital. Esse é o prazo definido pela portaria 1.016, de
1993, que dispõe também sobre o alojamento conjunto de mãe e filho na
maternidade.
“As altas não deverão ser dadas antes de 48 horas,
considerando o alto teor educativo inerente ao sistema de ‘Alojamento conjunto’
e, ser este período importante na detecção de patologias neonatais”, diz a
portaria.
Aqui, as maternidades costumam dar alta para as
mães que tiveram parto normal em 48 horas. Para as que fizeram cesárea, a alta
costuma sair em 72 horas.
A pediatra, epidemiologista e coordenadora da
Comissão Perinatal e do Movimento BH Pelo Parto Normal, Sônia Lansky, diz que
não existe nenhuma evidência cientifica indicando que esses são os prazos
adequados de internação depois do parto.“Hospital não é ambiente para bebê saudável e para
mãe saudável”, diz Sônia. “Nossa portaria é antiga e muito rígida.”
Segundo ela, essa rigidez acaba causando problemas,
como a falta de vagas de maternidades e hospitais. “Aquele bebê saudável, que
já poderia ter ido para casa, fica ocupando uma vaga por 48 horas.”
Mas o atendimento das mães inglesas, como Kate, se
encerram naquelas poucas horas do hospital? Sônia diz que lá a continuidade do
atendimento é feito em casa por uma enfermeira obstetriz. Essa profissional vai
até a casa da mulher e verifica as condições gerais da mãe e da criança, o
sangramento vaginal e a evolução da amamentação.
Na avaliação de Sônia, há condições para adoção de
um sistema semelhante no Brasil. O custo do atendimento domiciliar seria
compensado pela redução dos gastos com internações desnecessárias.
Segundo ela, há um grupo dentro do Ministério da
Saúde estudando a modificação do prazo de internação. “Esse tempo não seria o
mesmo para todas as mulheres. Uma mãe adolescente, cheia de dúvidas, precisa
ficar mais tempo no hospital. Já uma mãe de três filhos, que sabe bem como
amamentar, ela mesmo quer ir logo para casa.”
Entre as ideias em análise está a redução do prazo
mínimo, para parto normal, para 24 horas, após a realização do teste de
oxiometria de pulso _conhecido como teste do coraçãozinho.
Vale lembrar que esses prazos mínimos de internação
são válidos apenas para mulheres sem complicações médicas no pós-parto.
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